SÃO JOÃO MARIA, O MONGE SANTO QUE ACENDIA FOGO NA CHUVA

SÃO JOÃO MARIA, O MONGE SANTO QUE ACENDIA FOGO NA CHUVA

 

Fonte e foto: Jornal do Mate Paranaense

 

RELEMBRANDO HISTÓRIAS POPULARES

O imaginário popular e histórias contadas no Sul do Brasil sedimentaram, de três monges profetas que viveram no Sul, um lendário São João Maria.

Até as pessoas idosas dos anos 1940 e 1950 comentavam seus feitos.  

No entanto, o monge São João Maria ainda vive no imaginário popular Guarapuavano com as imagens transmitidas de pai para filho.
A seguir, algumas delas, nesta semana.

História – I  

25443245_1712801042063625_3612422427452676019_n
O MONGE SANTO
Ao ver que uma tempestade se aproximava o profeta se protegeu embaixo de uma árvore. Um casal que morava próximo pensou que aquele homem fosse um mendigo. Penalizado com a situação, o dono da casa foi até ele para lhe oferecer abrigo.
Ao se aproximar de João Maria até se assustou, pois o monge, calmamente, principiava um fogo e preparava um chimarrão. Ao convidá-lo para se abrigar em sua casa, João Maria respondeu:
– Não se preocupem comigo, vou benzer a tormenta, vá para a casa e tranquilize a sua esposa.
O homem, contrariado com a recusa do monge, voltou para a casa e disse à esposa:
– Acho que o homem lá é um louco! Vendo que vai chover está acendendo um fogo.
Naquela tarde choveu muito e quando a tempestade passou o dono da casa resolveu ir até a casa de sua mãe.
Passando perto da árvore onde o monge se abrigara, até se assustou: o fogo estava aceso e debaixo da árvore o chão estava seco.
Admirado com o que viu, chegou na casa da sua mãe, contou o que havia acontecido e ela disse:

– Eu o vi passar por aqui. Você esteve diante de um homem santo! Ele é um profeta e quem guardar seus ensinamentos não perecerá!

 

Fonte: Jornal do Mate Paranaense (publicado no Facebook, em 17 dez 2017

Também há relatos resgatados pelo amigo e escritor Paulo Ramos Dererngoski e do nosso estimado professor Ari Martendal, ambos de Lages, SC.

Explicações

Do século XIX à metade do século XX, época de muitas transformações sociais no Brasil, histórias e lendas revelam a existência de pelo menos três monges que teriam vivido também no Sul do Brasil.

O imaginário popular e as histórias contadas sedimentaram, de três monges profetas que teriam vivido no Sul, um lendário São João Maria.

Este nome até as pessoas idosas dos anos 1940/50 comentavam.  

Os relatos são da existência de três monges profetas: João Maria De Agostini, João Maria de Jesus e João Maria de Santo Agostinho.

Eles teriam se notabilizado no messianismo, no curandeirismo e também na articulação do povo em guerras.

Uma delas foi a Guerra do Contestado, entre Paraná e Santa Catarina, no século passado.

Colonos realizaram um levante contra a desapropriação de uma  faixa de terras de uns 30 km de largura, muito rica em madeira (araucárias) e erva mate, no trecho Paraná-Santa Catarina.

É por onde passa a ferrovia Paraná-Santa Catariana-Rio Grande do Sul.

Um monge teria exercido muita influência junto aos combatentes do lado dos colonos: João Maria.

Da metade do século passado para cá o povo transmitiu de geração para geração o nome de São João Maria, considerado “O Monge Santo”.

 

 

 

 

ANTERIOR

 

Postagem original desta página   

REVOLUÇÃO FARROUPILHA: O Levante do Sul contra o Império

NOS DIAS ATUAIS, TODO ANO, EM SETEMBRO, NA SEMANA FARROUPILHA, CTGs DE SC E RS COMPARTILHA A CHAMA CRIOULA (FOGO SIMBÓLICO). O ENCONTRO SEMPRE É NA PONTE DO RIO PELOTAS, DIVISA DESSES ESTADOS.

CHIMARRÃO: SÍMBOLO DE HOSPITALIDADE PARA O GAÚCHO

Não faz muito sentido tomar chimarrão sozinho, diz ele. É bebida amarga mas que tem sabor de solidariedade.

Numa roda de chimarrão entre amigos a distância ideal entre eles é o comprimento do braço. Barbosa Lessa e Paixão Cortes nos ensinaram isso.

O chimarrão é uma bebida amarga, mas que pode ser adoçada. Na versão amarga, simbolicamente, ele pode ser adoçado com a solidariedade. Aqui no Brasil é mais consumida no Rio Grande do Sul. Mas também faz parte da cultura e é muito apreciada nos Estados de Santa Catarina e do Paraná.

Os outros três países do Cone Sul (Uruguai, Argentina e Paraguai) também apreciam a bebida.

A história de sua origem é quase uma lenda, pois carece de comprovação científica. Pelo menos não encontrei. Dizem os estudiosos que o primeiro registro de humanos tomando chimarrão foi na beira do Rio Iguaçu, região de Foz do Iguaçu, divisa com o Paraguai. Índios tomavam chimarrão que foi batizado de Tererê, pois era com água fria, colhida no rio.

Autores que abordam o assunto o consideram um hábito cultural muito importante, capaz de aproximar as pessoas. Logo, tem a função de estimular a amizades, aproximar pessoas, fazer amigos.

Na tradição gaúcha é um dos elementos mais presentes. Quase um ritual sagrado. É tão importante quanto o cavalo, a música, a dança, o acordeom, o CTG, o galpão, o fogo de chão e a fazenda.

A literatura mais recente é de José Atanásio Borges Pinto. Ele escreveu o Dicionário Poético Gaúcho Brasileiro. Nesse trabalho, dedicou duas páginas ao chimarrão.

Diz lá, em poesia: Chimarrão – diz-se do mate amargo. “Mateio vida e destino, nas horas de solidão, cravando os olhos, bem fundo, na cuia de chimarrão. Sarandeiam labaredas, neste meu fogo de chão e as lembranças caborteiras, misturam-se sorrateiras, no meu mate chimarrão”.

Em Espanhol – “Chimarrón que vas filtrando, em la magia de tu verde, el lucero que se pierde, y el alba que va llegando”.

Barbosa Lessa, em todas as suas obras, sempre reservou um espaço para falar do chimarrão. É um elemento que atravessa gerações, muito importante para cultivo da tradição gaúcha.

images

A foto é da Região das Missões, entre RS, Uruguai e Argentina.



Politica de Privacidade!