PROJETO LIXO ORGÂNICO ZERO – O combate ao desperdício e à destinação inapropriada

PROJETO LIXO ORGÂNICO ZERO – O combate ao desperdício e à destinação inapropriada

É CADA VEZ MAIOR A CONSCIÊNCIA COM RELAÇÃO AOS RESÍDUOS SÓLIDOS. E O LIXO ORGÂNICO É UMA FONTE DE RIQUEZA

O projeto Lixo Orgânico Zero defende que a população deve compreender que o composto (restos) não é lixo, mas sim uma substância regenerativa, material rico em minerais dos alimentos para o solo. Somente 5% dos resíduos produzidos são compostados.

A prefeitura de Lages, por intermédio da Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, e o Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), a partir do Projeto Lixo Orgânico Zero, contempla a possibilidade de retorno às escolas para reforçar e retomar o trabalho desenvolvido entre 2013 e 2015, de destinação de resíduos orgânicos para minicompostagens ecológicas (MCE). Na abertura da cerimônia de lançamento do Projeto, na tarde desta quarta-feira (25 de julho), no Centro de Ciências Jurídicas (CCJ), da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), a plateia assistiu a um vídeo informativo e, após os discursos, à palestra do engenheiro agrônomo paulista, do Projeto Composta São Paulo, Antônio Oswaldo Storel Júnior, intitulada “Estratégias Municipais para a Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos Orgânicos”, tratando sobre os efeitos dos resíduos no ambiente dos aterros sanitários e do lixo produzido para as questões climáticas, e o quanto as simples atitudes de separar o material orgânico do reciclável podem colaborar para uma natureza mais equilibrada.

Storel dividiu a experiência da maior cidade do Brasil, São Paulo, com 12 milhões de habitantes e produção de 20 mil toneladas de resíduos sólidos por dia e 11 mil toneladas de resíduos domésticos diariamente. De resíduos orgânicos domésticos são 6.300 toneladas por dia. Ele traçou os desafios e pulverizou informações para clarear o assunto da realidade em Lages.

Na sequência, os Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) do município, público para o qual foi organizado este lançamento, conheceram a mobilização mais profundamente, pois a destinação correta de resíduos é assunto ligado diretamente à saúde e estes profissionais poderão ser disseminadores desta conscientização pelo seu trabalho com os cidadãos lageanos em suas residências. O composto não é lixo, mas sim uma substância regenerativa, material rico em minerais dos alimentos para o solo e que garante a preservação do ciclo (alimento que gera alimento). E um dado alarmante: Somente 5% dos resíduos produzidos são compostados.

O fato de Lages ter conquistado o 1º lugar no 1º Edital de Compostagem, promovido pelo Fundo Nacional de Meio Ambiente e pelo Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal (CEF), proporcionará um trabalho intenso junto à comunidade, impulsionando o uso da compostagem doméstica além dos muros escolares, na busca do melhor direcionamento para os resíduos orgânicos. “O 1º lugar é um reconhecimento do talento e do empenho destes especialistas. Lages tem atuado fortemente na resolução de problemas que afetam o meio ambiente com consequência à saúde pública. É o caso do Complexo Araucária, que funcionará ainda este ano, elevando o tratamento de resíduos sanitários de 14% para mais de 60%, e o Complexo Ponte Grande, com mais de R$ 50 milhões investidos, e elevação das obras para 2019. Estamos num verdadeiro mutirão público para que Lages avance. Temos em torno de 160 mil habitantes e todos devem ser comprometidos em cuidar do interesse da coletividade assim como cuidamos das nossas famílias, com uma Lages mais sadia, mais próspera e digna a partir de uma diretriz de conscientização”, aponta o prefeito Antonio Ceron.

O apoio de diversas instituições e demais secretarias do município possibilitarão fazer com que o método “Lages” de compostagem seja referência no direcionamento adequado dos resíduos sólidos domésticos, com estímulo à reciclagem, o cultivo de alimentos mais saudáveis e ampliação de jardinagem e da vida útil do aterro sanitário municipal.

O evento teve como objetivo informar o público sobre o desenvolvimento deste trabalho, bem como faz parte da programação de sensibilização e formação de multiplicadores. “Pela forma de vislumbrar a implantação do Projeto em sua plenitude, poderemos então obter a visão de relevância econômica, ambiental e social. Haverá redução significativa dos resíduos orgânicos que a população paga para a empresa terceirizada fazer a coleta, transporte e destinação final no aterro. Hoje, em Lages, são mais ou menos 119 toneladas de resíduos sólidos recolhidos ao dia (2.983 toneladas mensalmente). A fase de implantação será de 1,5 a dois anos. Lages passa a ser destaque nacional a partir de agora”, reitera o secretário de Serviços Públicos e Meio Ambiente, Euclides Mecabô (Tchá Tchá), em complemento: “O Município despende  cerca de R$ 250 por tonelada para coleta e tratamento de resíduos levados para o aterro. Temos de rever nossos conceitos e fazer nossa parte para termos uma condição de vida mais adequada para quem trabalha na coleta seletiva, e a comunidade como um todo será beneficiada pelos aspectos de economia e mais saúde. Cada quilo de resíduo resgatado com compostagem é transformado em longevidade ao aterro.”

Já o diretor assistente de Ensino do CAV, André Thaler Neto, salienta que agora se inicia uma etapa crucial para o êxito do Projeto, um engajamento em conjunto. “Não temos como imaginar a sociedade agindo diferente. No CAV temos mais de 100 projetos de extensão e os cuidados com o meio ambiente são algumas de nossas maiores preocupações.”

O responsável pela 13ª Promotoria de Meio Ambiente, promotor Antonio Junior Brigatti Nascimento, destacou especialmente o viés local. “A administração atual demonstra atenção ao meio ambiente, e isto é louvável”, resume, lembrando que as tratativas do Ministério Público (PM) e demais entidades, como Grupo Garis, Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) e Cooperlages, são quinzenais e/ou mensais, com discussões permanentes. Presentes na solenidade estiveram, ainda, entre outras autoridades, o vice-prefeito, Juliano Polese; a pró-reitora da Uniplac, Cristina Keiko; Guilherme Carlos de Souza Broering, do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica; Larissa Costa Oliveira, representando a secretária da Saúde, Odila Waldrich, e o coordenador técnico do Projeto Lixo Orgânico Zero, Germano Güttler.

Mas e o que é?

O Projeto Lixo Orgânico Zero consiste na destinação dos resíduos orgânicos para a compostagem, incentivando as pessoas a assumirem e cumprirem a responsabilidade de deixar o lixo orgânico (restos de alimentos, cascas, bagaços, caroços, além de folhas e gramas) no seu espaço, ou seja, para dentro do seu pátio, pois este material não deve ir para o aterro sanitário porque sendo colocado no solo e aguardado o período de compostagem, irá gerar mais alimentos, num ciclo de vida. “Aquele lixo da cozinha que era resto de alimento vai se transformar em comida novamente”, completa a diretora de Meio Ambiente e coordenadora pedagógica do Projeto Lixo Orgânico Zero, Silvia Oliveira.

O Projeto iniciou como experimentação em 2012 e de 2013 a 2015 o Grupo Garis, juntamente ao CAV, foi motivador do processo. “Eu e o professor Germano, do CAV, fizemos um projeto, através do Centro de Ensino e Apoio à Pesquisa (Ceap), recebendo uma verba de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) à época, para que pudéssemos realizar um trabalho de divulgação da tecnologia de minicompostagem ecológica nas escolas”, recorda Silvia. Este trabalho se tornou realidade e um alto índice de instituições de ensino se interessou, com destinação de resíduos em seu espaço e com desenvolvimento e melhoria de hortas e jardins.

R$ 985 mil para investir em compostagem, educação e orientações

Em outubro de 2017, o Fundo Nacional de Meio Ambiente e o Fundo Socioambiental da Caixa disponibilizaram o 1º Edital de Compostagem. Desenvolvido pela Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente e pelo CAV, o Projeto conquistou o 1º lugar e receberá R$ 985 mil para a implantação. O valor será aplicado na formação de um grupo com 25 estagiários para auxiliar nas atividades das escolas, entre outros espaços, estes os orientadores e motivadores da parte prática; compra de equipamentos para otimização das hortas; aquisição de um triturador de material de podas (folhas e gravetos) como produtos de cobertura, além de serragem e cinzas, já que há empecilho nas escolas em se conseguir itens de difícil decomposição com o intuito de evitar moscas; um veículo, e contêineres para reciclagem.

O processo seletivo de estagiários bolsistas está com inscrições de currículos abertas no site do CAV. A partir de segunda-feira (30 de julho) serão feitas as entrevistas e seleções. O início do Projeto será em agosto. O foco são estagiários de cursos do próprio CAV, como agronomia e engenharia ambiental. “Eles serão os nossos braços nas escolas e comunidade. Nós éramos três, mais alguns estagiários voluntários, e agora serão no mínimo 25”, comemora Silvia.

Das 300 propostas inscritas de todo o país, apenas 11 foram selecionadas. “Esta experiência obtida anteriormente nas escolas, e que foi objeto da nossa dissertação de mestrado, deu ênfase a este Projeto para que ele voltasse a acontecer e tivéssemos as estruturas necessárias para irmos além dos muros da escola, ou seja, retomar o trabalho. Estas por si nos comunicaram suas dificuldades. Então, todo o Projeto encaminhado foi viabilizado pelas necessidades daquelas pessoas e instituições de ensino que executaram a prática e viram a pendência de investimentos para ultrapassar os limites em favor da saúde e da qualidade de vida”, descreve Silvia.

Nas escolas

Todavia, o Projeto Lixo Orgânico já está em andamento em escolas municipais e estaduais. Nesta quinta-feira (26 de julho), o engenheiro agrônomo Antônio Oswaldo Storel Júnior, ao lado de profissionais da Secretaria do Meio Ambiente e da Uniplac, visitará o aterro sanitário, a Cooperlages e a Escola de Educação Básica (E.E.B.) Professor Armando Ramos de Carvalho, bairro Promorar, onde é feito um trabalho considerado referência no âmbito da compostagem. Além desta, o Centro de Educação Infantil Municipal (Ceim) Leonina Rodrigues da Costa (Vila Comboni) e as escolas estaduais Professor Jorge Augusto Neves Vieira (Guarujá) e Godolfin Nunes de Souza (Penha), desenvolvem o Projeto para crianças e adolescentes.

Compostagem?

É o processo biológico de valorização da matéria orgânica, seja ela de origem urbana, doméstica, industrial, agrícola ou florestal, e pode ser considerada como um tipo de reciclagem do lixo orgânico. Um processo natural em que os microorganismos, como fungos e bactérias, são responsáveis pela degradação de matéria orgânica, transformando-a em húmus, um material muito rico em nutrientes e fértil.

O fato de Lages ter conquistado o 1º lugar no Edital de Compostagem, promovido pelo Fundo Nacional de Meio Ambiente e pelo Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal (CEF), proporcionará um trabalho intenso junto à comunidade / Fotos: Marcelo Pak



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