LADRÕES COLHEM LAVOURA NO SILÊNCIO DA NOITE – Como o cereal está valendo ouro, plantio deve aumentar nesta safra.

LADRÕES COLHEM LAVOURA NO SILÊNCIO DA NOITE – Como o cereal está valendo ouro, plantio deve aumentar nesta safra.

O preço do grão anda tão alto que ladrões já colhem lavouras na calada da noite

 

FURTO INUSITADO

No ano passado uma quadrilha furtou feijão no pé. Produtores temem novos custos de produção com vigias noturnos. Aqui no Sul o plantio começa em agosto e fatos ocorridos no Centro do País chamam a atenção: o furto em celeiros e até colheita de lavouras na calada da noite.

É inacreditável, mas aconteceu. Produtores de feijão do Centro do País enfrentaram uma situação no mínimo curiosa, inusitada e inesperada: o furto de feijão na lavoura.

Até hoje o furto e o roubo no campo eram comuns em fazendas de gado, suínos e equinos. Era uma questão de valor. Para compensar o risco e a dificuldade, em qualquer furto existem produtos, mercadorias, bens ou animais visados.

O furto de feijão era algo raro, quase inexistente, devido ao grau de dificuldade de acesso e o valor antes irrisório do grão. Mesmo nos celeiros não era comum, porque geralmente o cereal é acomodado a granel e há dificuldades naturais no acesso às sedes das propriedades. Geralmente as estradas são ruins, existem cães, arame farpado, escuridão e isolamento.

Acontece que nos últimos tempos o feijão passou a ser uma raridade e seu valor, quando há escassez, é quase a peso de ouro. Então passou a valer a pena correr o risco e desafiar as dificuldade para conseguir o produto.

Houve um caso em que o produto estava “dando sopa”, acomodado em sacarias em galpões de fácil acesso. Quadrilhas levaram centenas de sacas de uma só vez.

O fato mais curioso foi a colheita de uma lavoura, à noite. Arrancaram os pés, carregaram às pressas, inclusive a máquina colheitadeira batedeira, e provavelmente foram processar em outro local. Vejam o valor do feijão! Às vezes justifica uma operação tão complicada e uma logística tão difícil, penosa e arriscada.

Furtar feijão para o consumo de um ano de uma família ou de algumas cozinhadas, como diria a cozinheira, até seria compreensível. Agora, furtar uma lavoura de alguns hectares é algo inédito, espantoso.

É preciso know-how e envolve muito tempo para todo o processo. Somente é viável com a ajuda de gente especialista em colheita e conhecedora de toda a rotina da propriedade.

Safra no Sul

No Sul dod Brasil está na entre safra do feijão. Quem plantou já colheu e já vendeu. Agora começou o plantio. Houve produtor que “se encheu da gaita” em São José do Cerrito e Campo Belo do Sul, na Serra Catarinense. As 300 ou 500 sacas foram disputadas a tapa pelos compradores.

Com a tendência de preço em alta é bem provável que este ano o plantio seja um pouco maior. Quando chegar a colheita, certamente o risco de furto também rondará por lá.

Falamos com produtores experientes no assunto – que não quiseram se identificar por questões óbvias – e concordam que será preciso cuidados especiais na segurança das lavouras daqui em diante, com esse valor de ouro do grão.

Será mais um fator de custo de produção. Como o vigia à noite é mão de obra com adicional noturno, certamente causará significativo impacto no custo de produção.

A curiosidade do pessoal especializado em lavouras é saber como os ladrões conseguiram tanta gente para executar a operação da colheita noturna em lavouras. Certamente só foi motivada pelo atual preço dos cereais. Provavelmente viabilizaram tão complexa operação com permuta do grão pelo trabalho.

A pergunta que não quer calar, entre o pessoal entendido no assunto colheita, é como foi possível mobilizar tanta gente para colher feijão. É tão difícil recrutar para trabalhar de dia, imagina para uma operação destas à noite. Haja motivação!



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