EDITORIAL – É preciso Educação que forme sábios não só subordinados e violentos

EDITORIAL – É preciso Educação que forme sábios não só subordinados e violentos

A nossa Educação caminha mesmo para um desastre total. Além da má reputação de ensinar pouco e passar de ano aluno que não aprende, agora se intensifica a violência em sala de aula, nos corredores e no entorno de escolas. A leitora Lia Regina C. Abreu, uma das amigas no Facebook, enviou a triste história de violência contra o professor Ramez Maalouf. O professor leciona para alunos do CIEP 314 Galileu Galilei/Rio e foi espancado por um aluno até desmaiar.

Isso não é privilégio só das escolas de grandes centros. É uma realidade aqui mesmo. Só não é muito divulgada. Os fatos são abafados e a vida continua. No caso da violência a culpa é muito mais do berço que da escola. Os violentos são de famílias cujos pais não sabem criar os filhos. Talvez porque são frutos desse modelo de escola que nunca se preocupou em criar seres humanos de qualidade.

Uma das campanhas mais batidas aqui nas redes sociais é sobre o fato de os pais terceirizarem a educação dos filhos para a escola. O professor deve ensinar conteúdos. Formação do caráter vem da cultura do berço.

Nossa Educação precisa de mudanças urgentes. No que é ministrado, nos sistemas e na filosofia. Parece que foi concebida só para formar massas e atender a interesses de políticos profissionais carreiristas. Ou, então, para projetos de poder ideológicos de longa duração. O que nos parece é a geração de pessoas que só se interessam pelo pão e circo. Não há geração de gente com senso crítico. Isso não interessou até hoje.

Este ano os assuntos dominantes nos meios educacionais tem sido: má qualidade do ensino, falta de recursos, dificuldade para fazer decolar o ensino técnico, necessidade de uma Educação eficaz e mais disciplina entre a clientela estudantil.

Avanço progressivo, pouca exigência na gramática e na escrita, opção por paredes e pouco investimento em qualidade de docentes, concepção ideológica de Educação e falta de assuntos extracurriculares podem ter contribuído para a geração de massas com pouco senso crítico.

 

ANEXO

 

Pesquisa do Banco Mundial revela que nossa escola não ensina. Adolescentes  vão demorar 270 anos para se habituar a ler e 70 anos para ter mais habilidade na Matemática. E que a escola é equivocada.

Técnicos e entidades concluem que se trata de uma crise na aprendizagem decorrente de diversos fatores. Um deles a maior preocupação das políticas públicas do setor, nos últimos anos só com a construção de paredes, a criação de escolas do ensino médio e universidades.

A princípio, houve significativo aumento na clientela para ocupar as vagas. Mas, como não houve muita preocupação com um recheio de qualidade na missão interior, o resultado foi evasão e pouco aproveitamento por parte de quem permanece lá.

Possíveis causas: falta de projetos pedagógicos sustentáveis, formação eficaz do professor, melhores salários, criação na escola de uma cultura voltada para o lazer, esportes, saúde corporal, comunicação e expressão. Também falta oferta extracurricular para o desenvolvimento pessoal já a partir da pré-escola.

O que fazer: investir mais no professor, criar melhores condições de trabalho, dar treinamento, qualificar e requalificar. Para os alunos: falta criar a cultura da eficiência e da eficácia, da responsabilidade com as lições internas e externas, respeito ao professor e vontade de crescer e até de empreender, além de mais ensino técnico.

Afirmativa desoladora: 80% das crianças abaixo dos sete anos são analfabetas. Resultado mais triste: a produção pela escola de trabalhadores e profissionais de baixa produtividade, conseqüentemente, de entidades econômicas (empresas) que avançam pouco e de uma economia que, basicamente, oferta produtos de baixo valor agregado – as commódities – e que vive cíclicas crises.

Conclusão nua e crua: o Brasil está entre as 10 maiores economia do Planeta, mas na aprendizagem aparece depois daquela dos 50 países mais desenvolvidos, ricos. Para piorar, nos últimos anos inventaram o tal de avanço progressivo. Nada mais é do que deixar passar de ano automaticamente alunos que não aprendem. Uma das justificativas é que não se deve constranger a criança com uma reprovação. Só que a causa principal deve ser a redução de gastos na Educação.

Como ir para o Primeiro Mundo?

Com o modelo atual de Educação o que vai acontecer é que iremos sempre nivelarmos tudo por baixo e nunca entrarmos no Primeiro Mundo.

A Coréia, o Japão e a China viveram guerras e encontraram a solução da recuperação numa Educação rigorosa no aprendizado e na disciplina. Em 25 anos a Coréia do Sul, por exemplo, chegou ao que é hoje: líder em produção de tecnologia.

Nós só vamos transformar o enorme potencial do Brasil em dinheiro com rigor na escola, na disciplina da população, na luta contra a corrupção e com mais seriedade tanto na coisa pública como na iniciativa privada.

O Brasil tem um terço da água potável do Planeta; as melhores terras agricultáveis das Américas; petróleo a ser retirado; aqui não tem terremoto, maremoto e nem guerras periódicas. Precisamos construir uma cultura mais voltada para o conhecimento, o trabalho e o empreendedorismo.

Observe que as escolas foram concebidas para formar subordinadas. Isso é um passo para a acomodação e para a exploração. Não descobrimos ainda que o futuro passa pela porta da escola eficaz. Só que no Brasil só há prioridade no discurso do palanque eleitoral. Assim vamos vivendo com a queixa que somos um povo explorado.

Sem Educação severa tudo sempre cairá nas mãos dos espertos. Tanto que se chover ouro hoje, amanhã ele estará todos nas mãos dos espertinhos.



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